Outubro 24, 2022
A ANCIA esteve presente na 5.ª edição do Portugal Mobi Summit (Palco 1) que se realizou nos dias 28 e 29 de setembro na Nova SBE em Carcavelos e reuniu governantes nacionais e europeus, autarcas, líderes da energia e do setor automóvel, da economia digital e especialistas mundiais em diversos temas.
Dia 28
O início da Sessão de Abertura esteve a cargo de Marco Galinha (Global Media Group) com o tema “A mobilidade como motor de desenvolvimento” onde destacou a descarbonização e o papel da mobilidade, afirmando ainda que devemos repensar o modo como nos movemos. De seguida, teve lugar a intervenção de Miguel Stilwell d’Andrade (EDP) que abordou a crise energética por causa da guerra na Ucrânia e o aumento do preço do gás em dez vezes no último ano e meio, tendo destacado a importância da independência energética. O Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, defendeu a necessidade de promover grandes mudanças nas cidades, assim como alterar os incentivos e apostar na ciência, tendo suscitado a questão da mobilidade suave e o problema das trotinetes (15 mil) em Lisboa que se torna necessário resolver e, deste modo, permitir uma melhor convivência entre todos os utentes.
Na intervenção do Presidente da Câmara de Cascais, Carlos Carreiras, foram destacadas algumas iniciativas da autarquia, tais como os transportes gratuitos e as comunidades energéticas, assim como a necessidade e a urgência de alterar os nossos hábitos e o estilo de vida face às alterações climáticas.
António Pires de Lima, CEO BRISA, reforçou a aposta na transição energética e nos incentivos que promovam a aquisição de veículos elétricos e defendeu que o caminho para a neutralidade carbónica passa por acelerar a transição elétrica dos modos de mobilidade.
A CEO da Altice Portugal referiu que o 5G irá acelerar a mobilidade urbana, assim como salientou a importância das ferramentas tecnológicas que contribuem para o desenvolvimento das cidades inteligentes, bem como uma melhor gestão da segurança rodoviária, reduzindo os acidentes e os congestionamentos, tendo ainda destacado o papel desta empresa no desenvolvimento de infraestruturas de dados.
A terminar este painel, teve lugar a intervenção de Miguel Abecassis, administrador da Fidelidade, que lembrou os desafios e as oportunidades que a transformação da mobilidade irá trazer às seguradoras nos próximos 15 anos.
De seguida, teve lugar a intervenção de Duarte Cordeiro, Ministro do Ambiente e da Ação Climática, que assumiu a mobilidade urbana como central na ação deste governo, tendo ainda referido os investimentos efetuados neste domínio, desde a expansão da rede de metro, a redução do preço dos passes sociais e o aumento de passageiros para os transportes públicos, bem como a mobilidade elétrica e o seu contributo para a redução dos níveis de emissões.
Na sua intervenção destacou a recente estratégia para a mobilidade pedonal que pretende aumentar em 35% a percentagem de pessoas que andam a pé, assim como a rede de carregamento de veículos elétricos.
“A transição energética é uma arma que está ao alcance de todos” foi o tema de Vera Pinto Pereira, Presidente da EDP Comercial, tendo salientado que a transição energética vem reforçar a independência energética, assunto que apresenta grande atualidade e emergência face à guerra na Ucrânia. Paralelamente, referiu ainda que a transição energética contribui para a ação climática, tendo afirmado que Portugal vai atingir as metas de energia renovável já em 2026, tendo ainda sublinhado a evolução dos automóveis elétricos, designadamente, ao nível do aumento da autonomia e da rede de carregamento. A terminar a sua intervenção, destacou a importância de continuar a apostar na rede de carregamento pública e privada, assim como apoiar a compra de veículos elétricos.
Silvia Casorrán Martos abordou os superquarteirões em Barcelona com efeitos na redução de acidentes, aumento da qualidade de vida, menos ruído e menos poluição, pretendendo-se colocar os cidadãos no centro das cidades e apostar na diminuição de automóveis na cidade.
De acordo com o programa, de seguida teve lugar a intervenção de Dany Nguyen-Luong, diretor do Departamento de Mobilidade e Transporte do Institut Paris Region com o tema “A transformação na mobilidade em Paris” onde abordou as transformações nesta cidade face às preocupações ambientais. Na sua intervenção, referiu que a utilização do automóvel entrou em declínio ainda antes da pandemia, tendo-se verificado uma redução da mobilidade e um aumento da utilização da bicicleta, tendo ainda adiantado o futuro da cidade, designadamente, o aumento das linhas de metro com uma extensão de 200 quilómetros e 68 novas estações que vão transportar 2 milhões de passageiros por dia.
A terminar a sessão da manhã, teve lugar o painel “Oportunidades e dilemas na transição para novos padrões de mobilidade”, em que o enfoque foi a alteração de hábitos e a troca do carro pela bicicleta, trotinete ou outro meio suave, sendo necessário apostar na melhoria dos transportes públicos e acelerar o caminho para a mobilidade elétrica, devendo as empresas ter um papel fundamental nesta mudança ao promover a utilização deste meios alternativos. Neste painel, destacou-se, ainda, o exemplo de Barcelona onde se referiu que, cada vez mais, as pessoas optam pela utilização da bicicleta ou transportes públicos, tendo-se defendido preços mais baixos nos transportes públicos, o envolvimento das empresas na alteração de mentalidades e a alteração do paradigma no que se refere à utilização do automóvel.
A sessão da tarde iniciou-se com uma intervenção de Marco António Soriano, Chairman, Soriano Motori, com o tema “Os três maiores desafios do futuro dos VE”, onde abordou a estimativa de produzir 130 milhões de veículos elétricos até 2035, tendo-se mostrado pouco confiante em atingir este objetivo. Aliada à preocupação na produção de veículos elétricos, referiu ainda a questão da autonomia, o tempo e o custo do carregamento, assim como a rede disponível, tendo avançado a necessidade de criar mais 65 milhões de postos de carregamento na Europa até 2035, num contexto em que se prevê que o crescimento destes veículos aumente em 65 milhões até 2030 e que duplique até 2035.
O painel com o tema “O futuro da infraestrutura de carregamento – Carregadores pop-up de baixo impacto, carregamento sem fios e as “estradas elétricas” contou com a participação de Pedro Vinagre (EDP), Luís Barroso (MOBI.E) e Henrique Oliveira (BRISA) onde foi abordada a permanente evolução das soluções de carregamentos de veículos elétricos e o papel das infraestruturas. O crescimento da rede de carregamento de veículos elétricos, o papel da tecnologia na evolução das infraestruturas, bem como a necessidade de evoluir para sistemas de carregamento inteligentes (e que integre o carregamento em casa e na via pública) foram alguns dos temas discutidos pelos participantes. Neste painel foi ainda destacado o sucesso do modelo de carregamento em Portugal e o permanente crescimento e que, atualmente, existem mais de 5.000 pontos, assim como o interesse na colaboração entre as várias entidades.
O painel “Baterias do Oceano” contou com uma apresentação de Adélio Mendes, Professor Catedrático da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto e presidente do laboratório VG Colab, que abordou o futuro das baterias, tendo destacado a alternativa do sódio e o projeto com a empresa Simoldes no desenvolvimento da primeira célula de ião de sódio, menos poluente, mais barato e seguro. Na sua intervenção referiu que baterias de sódio têm uma longevidade de 15 anos (superior ao lítio), mais intensidade de potência e, não obstante a matéria-prima base (sódio presente no sal) ser muito mais abundante e mais fácil de extrair que o lítio, o sódio é mais seguro, tem menor degradação e menor impacto ambiental. O investigador referiu ainda que, além do sódio, existe a possibilidade de serem criadas baterias líquidas de ferro e enxofre, assim como referiu a importância do metanol verde, afirmando – disse – que o mundo é bem maior do que o imaginamos e que devemos pensar “fora da caixa” e não apenas para as soluções que outros já criaram: “Há cerca de 120 anos Henry Ford disse: usemos a gasolina, que é líquida. Hoje discutimos como nos podemos livrar da gasolina.”
O painel sobre “O hidrogénio e os combustíveis sintéticos são o passo decisivo para uma economia net-zero? contou com a participação de João Galamba, Secretário de Estado do Ambiente e da Energia, André Pina (EDPR), Nuno Moreira (DouroGás), Paulo Marques (CaetanoBus) e Luís Maia (ANI-Agência Nacional de Inovação). João Galamba referiu que Portugal tem condições privilegiadas para a produção de hidrogénio e de energias renováveis, afirmando, contudo, que o hidrogénio não constitui uma solução para a mobilidade ligeira, tendo referido que, no passado, o gás natural tinha um custo de 20,00€ e, atualmente, 210,00€, sendo certo que o preço não se manterá neste valor mas também não irá voltar ao preço inicial havendo a necessidade de reduzir o consumo de gás natural. No mesmo sentido, os restantes participantes no debate consideraram que os combustíveis sintéticos à base de hidrogénio não são a solução para a mobilidade ligeira e que podem assumir grande importância na mobilidade pesada. Na discussão desta temática, Luís Maia destacou a importância da implementação de políticas públicas que estimulem o desenvolvimento de hidrogénio face à sua importância em diversos domínios (Ex: ambiental, criação de emprego), tendo André Pina salientado a importância de, no atual contexto de guerra na Ucrânia, acelerar a estratégia de eletrificação. Nuno Moreira destacou os projetos da Douro Gás, designadamente, o transporte de hidrogénio para a indústria e a produção de autocarros a hidrogénio, assim como o seu abastecimento. Por sua vez, Paulo Marques da Caetano Bus, empresa que produz autocarros a hidrogénio desde 2010, destacou as vantagens do hidrogénio como solução prática, eficiente e rápida, exemplificando que um veículo a hidrogénio é carregado em 15 minutos.
Dia 29
No segundo dia deste evento, destaca-se a intervenção de Steffano Ragazzo, Arquiteto e consultor em espaço público AMAT – Agência para a Mobilidade, Ambiente e Território da Cidade de Milão e Co-founder, Orizzontale, que transmitiu o que está a ser feito na cidade de Milão deste domínio. Na intervenção com o tema “Praças abertas e urbanismo tático”, Steffano Ragazzo explicou como o urbanismo tático (conceito que tem vindo a divulgar-se nos últimos anos) pode ajudar a mudar a forma de viver nas cidades, tendo detalhado o programa Praças Abertas, que faz parte da visão para Milão 2030 e pretende mudar a forma como se vive nesta cidade. Como exemplo de uma mudança de urbanismo tático e de transformação de um espaço público, referiu a pintura do pavimento de uma forma atrativa e a sua utilização por peões, a colocação de mobiliário urbano, tendo terminado a sua apresentação referindo que as ruas são espaços públicos para as pessoas.
No âmbito do painel “Da Autoestrada à Avenida – Redesenhar Cidades para as Pessoas”, salienta-se a intervenção de Marianne Weinreich, Diretora de Marketing, Ramboll Smart Mobility e Presidente, Cycling Embassy of Denmark, que falou da experiência e da realidade em Copenhaga no que se refere à utilização segura da bicicleta, designadamente, a sua integração com os transportes públicos, a adequação das instalações das empresas de modo a promover a opção pela bicicleta, tendo referido que a sua utilização é uma realidade nesta cidade da Dinamarca.
No painel “Como tornar os transportes públicos seguros e sexys?” participaram Tiago Braga, Presidente Metro do Porto, Maria Albuquerque, Vice-Presidente Carris e Rui Lopo dos Transportes Metropolitanos de Lisboa, tendo sido ponto central do debate uma maior utilização dos transportes públicos através, designadamente, de uma melhor oferta. Na discussão deste ponto, Maria Albuquerque referiu a redução dos preços (e a gratuitidade para idosos e jovens), assim como a simplificação do processo dos bilhetes e passes, tendo ainda abordado a modernização da frota da CARRIS, assim como a segurança em viajar nos transportes públicos que apresenta uma reduzida percentagem de acidentes. Tiago Braga destacou a qualidade da oferta e a rapidez nas deslocações no Porto, assim como o objetivo de aumentar a rede, tendo avançado a conclusão deste aumento para 2026 e com um investimento de 30 milhões de euros. Da intervenção de Rui Lopo, o mesmo referiu que a opção pelos transportes públicos é uma escolha acertada, assim como aludiu à necessidade de melhorar o processo de aquisição dos bilhetes, mais integrada com os restantes operadores.
Na intervenção com o tema “Uma experiência em transporte público – A maior galeria de carta do mundo”, foi efetuada uma apresentação sobre o sistema de metro da cidade de Estocolmo que tem uma enorme galeria de arte subterrânea, afirmando que andar de metro é uma viagem pela arte. Referiu que o apoio às artes e à cultura é uma prática comum na Suécia e, desde a década de 50, as estações de metro exibem obras de arte, podendo, na sua opinião, este modelo ser replicado noutras cidades do mundo e constituir um incentivo à utilização do metro.
O painel “Transporte público grátis é a solução? contou com a participação Miguel Pinto Luz, Vice-presidente da Câmara Municipal de Cascais, Ângelo Pereira, Vereador da Câmara Municipal de Lisboa, e José Mendes, Presidente Fundação Mestre Casais. Miguel Pinto Luz referiu que em Cascais o transporte público gratuito cresceu 15% e, paralelamente, e como financiamento desta medida, verifica-se um aumento dos preços de estacionamento público para afastar os automóveis da cidade. Em sentido contrário, José Mendes, ex-secretário de Estado da Mobilidade e presidente da Fundação Mestre Casais, enunciou motivos para discordar da generalização do transporte público gratuito, defendendo a gratuitidade apenas em determinadas situações, designadamente, para os mais jovens. Para Ângelo Pereira, a gratuitidade dos transportes públicos em Lisboa encontra-se em avaliação, tendo, contudo, destacado esta medida para jovens e idosos, assim como abordou a questão da auditoria de segurança às ciclovias e o objetivo de afastar os automóveis da cidade.
A terminar a manhã do segundo dia do MOBI SUMMIT 2022, Francisco Vilaça da UBER referiu que a plataforma desta empresa regista um aumento de veículos elétricos e que os motoristas aumentaram em 55% o número de quilómetros sem emissões de CO2 em Lisboa, a caminho do objetivo de atingir 100% das viagens com zero emissões. Destacou, ainda, a necessidade de alargar a rede dos carregadores de veículos elétricos e tornar o carregamento mais rápido e barato, e que a UBER e as restantes plataformas de TVDE, ajudam a melhorar a mobilidade nas cidades defendendo a sua integração no sistema de transportes públicos.
No início da tarde do segundo dia de conferência, teve lugar a intervenção (vídeo pré-gravado) de David Zipper, professor na Universidade de Harvard, com o tema “Temos a tecnologia, mas não a estamos a utilizar”. Nesta apresentação, referiu que a tecnologia automóvel tem evoluído significativamente, no entanto, e apesar dos investimentos efetuados, designadamente, nos veículos elétricos, defende que os fabricantes de automóveis devem investir mais na tecnologia para proteção dos peões e, em consequência, tornar os veículos mais seguros para todos reduzindo os acidentes com peões e ciclistas.
No painel com o tema “A segurança num novo ecossistema de mobilidade”, participaram no debate Rui Soares Ribeiro (Presidente da ANSR), Manuel Melo Ramos (Brisa) e Marcelo Sousa (Fidelidade), onde foram discutidos temas relacionados com os desafios dos novos meios de transporte e do objetivo de zero mortes na estrada. Neste painel, o Presidente da ANSR referiu que a maioria das infrações está relacionada com o excesso de velocidade, a condução sob o efeito do álcool, o uso do telemóvel e os sistemas de retenção, sendo necessário implementar novas ferramentas de modo a possibilitar, mais facilmente, a deteção destas infrações, designadamente, a instalação de câmaras de segurança. Neste debate, foi abordado o comportamento dos condutores portugueses, a educação como um dos pontos essenciais de mudança, assim como a necessidade de existir um compromisso político com a segurança rodoviária. Paralelamente, Manuel Melo Ramos da BRISA salientou a necessidade do reforço das campanhas de sensibilização, assim como o investimento nas infraestruturas e a sua manutenção, bem como o trabalho da empresa em contribuir para o objetivo de, até 2030, reduzir a sinistralidade em 50%. Marcelo Sousa da Fidelidade destacou os novos desafios para as seguradoras, designadamente, a oferta de seguros mais abrangentes que englobem os novos modos de mobilidade, tendo ainda referido que estamos perante um parque automóvel com uma média de 13,5 anos e que, perante as atuais dificuldades (Ex: perda do poder de compra), a tendência de envelhecimento do parque irá agravar-se.
Da intervenção sobre o tema a “Sustentabilidade conectada com mobilidade”, Irena Pichola (Global Government & Public Services Climate Action and Sustainability Lead, Deloitte) destaca-se um questionário efetuado em 23 países e a 23 mil pessoas sobre sustentabilidade, em resultado do qual 72% acreditam que as alterações climáticas são uma emergência e que é urgente implementar medidas, não havendo dúvidas sobre os efeitos e o impacto das alterações climáticas.
De seguida, Paris Marx efetuou uma intervenção (vídeo pré-gravado) com o tema “Estrada para nenhures – O que Silicon Valley não entende sobre o futuro da mobilidade”, tendo abordado numa perspetiva crítica o setor da tecnologia e que não será este setor a mudar o sistema de transportes e a utilização/dependência do automóvel, mas sim a criação de novas políticas. Na sua intervenção, abordou as promessas do setor tecnológico ao longo dos últimos 15 anos (Ex: veículos voadores), soluções que, na sua maioria, dirigem-se aos veículos e não a resolver os problemas da dependência do automóvel e a crise climática. Terminou a sua intervenção afirmando que a tecnologia não resolve problemas políticos e que terá de haver uma intervenção dos governos neste domínio.
No painel “O mundo híbrido e a procura futura por mobilidade”, que contou com a participação de Nuno Inácio (Bolt Portugal), Paulo Rego (Altice Portugal) e Sofia Tenreiro (Deloitte), os participantes neste debate foram unânimes ao referir que o futuro da mobilidade passará, decididamente, por menos automóveis a circular dentro das cidades. Em função da evolução e do desenvolvimento sustentável das cidades (Ex: “cidade de 10 minutos”), haverá cada vez mais pessoas a optar por modos de transportes suaves e a organizar a sua vida diária sem recurso ao automóvel, no entanto, tal implicará mudanças a diversos níveis, designadamente, no que respeita à oferta de transportes públicos. De acordo com os dados divulgados neste painel, estima-se que o automóvel próprio ainda possa crescer até 2036 (800 mil carros em Portugal), num contexto em que as novas gerações já não privilegiam a propriedade do veículo e estão a mudar para modos de transporte suaves e partilhados, tendo ainda sido avançados dados sobre a redução de jovens a tirar a carta a condução, tendo-se verificado uma queda de 33%.
Nidhi Gulati (Principal in Business Consulting position within the Sustainability Practice, Infosys Limited), na sua intervenção com o tema “10 passos rumo a uma nova mobilidade” defendeu que devemos pensar os transportes como um sistema integrado e que responda às necessidades dos cidadãos, tendo afirmado que “Não podemos falar de mobilidade sem equidade”. Na sua apresentação salientou a importância da tecnologia na criação de sistemas integrados de transporte que permitam a compra de um bilhete único para viajar em diferentes meios de transporte, tais como comboio, metro, autocarro, bicicleta, trotinete ou outros meios, tendo ainda destacado a importância da partilha de meios em vez da propriedade.
A Sessão de Encerramento contou com a presença do Secretário de Estado da Mobilidade Urbana, Jorge Delgado, tendo destacado que a mobilidade urbana é uma área central do Governo e enunciou algumas medidas no âmbito do Roteiro para a Neutralidade Carbónica 2050, designadamente, navios elétricos e mil autocarros a hidrogénio em 2023. A neutralidade carbónica em Portugal implica a redução de emissões de gases com efeito de estufa entre 85% e 90% até 2050, assim como, entre outras, a total descarbonização da mobilidade urbana, com impactos positivos em diversos domínios, tais como, a economia, a criação de emprego e a melhoria da qualidade do ar. Neste enquadramento, referiu ainda a necessidade de evitar viagens desnecessárias, a coordenação dos diferentes modos de transporte, assim como o foco para os transportes públicos e os modos partilhados de mobilidade, tendo ainda abordado o conceito da “cidade de 15 minutos” que aposta numa cultura de proximidade em que as pessoas têm acesso rápido aos serviços essenciais sem usar automóvel, podendo a maioria das necessidades diárias ser efetuada a pé ou de bicicleta. Na sua intervenção, referiu ainda os investimentos do Governo na área da mobilidade, tendo destacado a Estratégia Nacional de Mobilidade Ativa ciclável e relembrou o posicionamento e o pioneirismo de Portugal na mobilidade elétrica e a rede instalada de postos de carregamento de veículos elétricos.